Virgínia Moura, Paladina da liberdade e da igualdade
- luispintolisboa
- 19 de jul.
- 2 min de leitura
Virgínia Moura foi uma pessoa com pouco paralelo. Natural de S. Martinho do Conde, Guimarães, foi uma das primeiras mulheres licenciadas em Engenharia Civil, em Portugal. Mais ainda, contra todas as probabilidades, Virgínia Moura, foi porta-estandarte na luta contra a ditadura e percursora na luta feminista em Portugal. Na verdade, a sua coragem foi inabalável, mesmo depois de presa por 16 vezes, nunca abdicou dos seus princípios.
Por isso, Guimarães precisa reconhecer esta sua heroína, e, não querendo ser redutor, mas, precisa também de continuar a contribuir para ser mais do que um Castelo, uns palácios, umas estátuas a D. Afonso Henriques e um estádio. Por conseguinte, é cada vez mais importante lembrar que, não só "daqui houve resistência", como um dos seus símbolos maiores foi uma mulher, foi Virgínia Moura.
Assim, precisamos defender que a visibilidade do legado de Virgínia Moura na nossa cidade seja muito mais do que uma mera toponímia, um hodónimo, um nome de rua, ou o nome de um Agrupamento de Escolas. Notem, se até um Ministro da Monarquia, influenciador da ditadura, tem um Largo com o seu nome e busto, como é possível Virgínia Moura não o ter? Até quando vamos precisar de viajar até ao Porto para encontrar um busto de Virgínia Moura?
Por isso, em 2021, em programa autarquico, defendi a criação do Museu Virgínia Moura, em estreita ligação com o Agrupamento de Escolas (onde reside parte do seu espólio), com o Partido Comunista Português (onde militou), e, com a sua família. Podemos até ampliar a proposta e defender a criação do Museu da Liberdade e Igualdade Virgínia Moura.
Aliás, num tempo em que a misoginia virou moda e entretenimento, precisamos deste exemplo de entrega e de luta pela comunidade. Até porque, a vida e o legado de Virgínia Moura serão sempre indissociáveis da força da justiça, da dignidade, da resistência e da fé inabalável num futuro mais justo.
Em suma, mais do que nunca, temos de lembrar a memória de quem nunca se calou perante a injustiça e a desigualdade, para que Virgínia Moura, a paladina da liberdade e da igualdade, possa ser um farol que norteie as novas gerações e nos ajude a progredir rumo a um mundo melhor para todas as suas pessoas.
Texto publicado originalmente no Fanzine do Círculo de Arte e Recreio de 25 de abril de 2025, em homenagem a Virgínia Moura e a Mário Soares:

Na mesma publicação, saiu ainda um poema meu escrito em homenagem a Virgínia Moura:
Mulher de Ferro, Mulher de Cravo
Mulher de sonho, mulher de guerra,
Em Conde e no berço que te viu nascer,
Ergueste-te firme como uma serra,
Sem medo de lutar e vencer.
Traçaste caminhos onde havia grades,
Fizeste da coragem o teu chão,
Na voz trouxeste mil tempestades,
E, no peito, o fogo da superação.
Sem te curvares ao peso da história,
Nem ao silêncio que te quiseram impor,
Fizeste da justiça a tua vitória,
Fizeste de teu nome um farol de amor.
Mãe da resistência, flor em ardor,
No peito aceso, a chama e o pão,
Teu nome é semente e brilha em fulgor,
Na terra que nasce da revolução.



